Reproduzo matéria jornalística escrita pelo jornalista Amilton Belmonte, do Grupo Sinos, publicada no Jornal NH, referente aos resultados de uma pesquisa divulgada pela Fecomércio-SP.
Clonagem de cartões de crédito e uso de dados pessoais lideram os crimes eletrônicos no País
Brasil - Crimes virtuais, mas de prejuízos reais e num ambiente onde não há fronteiras. Com base nessa premissa, a 5ª Pesquisa sobre o comportamento dos usuários na Internet, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) de São Paulo, foi apresentada ontem, na capital paulista, durante o 5º Congresso de Crimes Eletrônicos e Formas de Proteção. Realizado em maio último e abrangendo um universo de mil entrevistados, o estudo revela um aumento na desconfiança quando o assunto é “o uso de dados pessoais por sites que solicitam informações”. Dos entrevistados, 72,30% não confia no uso dessas informações. Em 2012, o percentual era de 48,75%. Entretanto, quando perguntados se os sites devem guardar registros de acesso para auxiliar eventuais investigações de cibercrimes, 87,80% dos entrevistados se disse favorável. Um dos dados mais impactantes da pesquisa é quando os entrevistados responderam sobre qual tipo de crime foram vítimas.
Foto: Ilustração Rodrigo Nunes/GES
Em primeiro lugar apareceu a clonagem de cartões de crédito (33,52%), seguido de uso de dados pessoais (17,32%), desvio de dinheiro em conta bancária (15,64%) e compra de empresa fantasma (12,85%), com a atitude mais comum das vítimas sendo o registro da ocorrência. Sobre o conhecimento da recente Lei 12.737/2012, de Crimes Eletrônicos, também conhecida por Lei Carolina Dieckmann – atriz vítima de extorsão e que teve fotos íntimas reveladas na Internet – um total de 66,60% dos entrevistados disse conhecer a legislação. Todavia, questionados se o regramento será suficiente para conter os crimes eletrônicos no País, 83,63% respondeu que não.
Na web
Novo código penal - Titular do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, o delegado o delegado Emerson Wendt acredita que apenas um novo
Código Penal poderia tornar mais rígida a punição contra crimes eletrônicos. Diz que a atual lei faz com que a autoridade policial tenha que adequar condutas para imputar autoria em delitos. “A efetividade da lei, dependendo do caso, pode estar comprometida”, pondera, ao assinalar, contudo, que delitos como extorsão, se praticado por funcionários públicos, podem gerar penas de até 12 anos de prisão.
Crime organizado - “De cada 100 reais que as instituições bancárias perdem em ações criminosas no Brasil, 95 reais são por fraude eletrônica”. A revelação é do delegado Marcínio Tavares Neto, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), ao dar uma dimensão do problema hoje no País e salientar que crime organizado, ataques contra correntistas e fraudes praticadas por sites de comércio eletrônico são o foco de sua delegacia. “É preciso entender que crescem os crimes pela Internet porque aumenta cada vez mais o acesso das pessoas a ela”, explica ele, observando que esses ataques podem partir de qualquer lugar do País, o que dificulta ainda mais o trabalho investigativo.
Os mais comuns - Os chamados crimes contra a honra, e que na rede mundial de computadores têm um amplo território para cometimento, são os de registro mais comum nas delegacias gaúchas. “É muito fácil xingar e ameaçar por e-mail ou por rede social”, comenta o delegado Marcínio Ta vares Neto, ao salientar que esse tipo ocorrência pode ser registrada em qualquer delegacia. Como forma preventiva e para clareza sobre crimes no ambiente da Internet, ele or ienta: “Busque nas pesquisas da Internet o Centro de Resposta e Tr atamento de Incidentes – CERT, uma cartilha que ajudará muito”, destaca.
Queda nas compras pela web
De acordo com a pesquisa, houve redução no número de pessoas que realizou compras pela Internet, no comparativo com igual levantamento do ano passado. Neste ano, 55,90% dos entrevistados disse que vai às compras. Em 2012, esse número era de 62,71%. O estudo também revela uma pequena queda no uso de redes sociais e sites de relacionamento. Do total de entrevistados, 87,94% usava esses sites em 2012, número que neste ano caiu para 84,10%. Quanto à remoção de conteúdo ilegal da Internet, a pedido da vítima ou com ordem judicial, 65,90% disse que precisa ser feito a pedido da vítima e 34,10% por ordem judicial. Já 95,50% dos entrevistados acredita que provedores de conteúdo devem avisar seus clientes quando receberem um aviso judicial relacionado a alguma infração que cometeram, com 4,50% respondendo o contrário.
Fonte: Jornal NH, neste link.
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