Deutsche Bank é acusado de espionar investidor
Guerra fria
Wittig disse que o banco estava arrependido de ter contratado investigadores privados espioná-lo, e propôs explicar tudo em detalhes em uma reunião na sede do banco, em Frankfurt, em 10 dias. Bohndorf diz que, se prontificou a ir à reunião apenas para saber do que se tratava, acreditando ser um incidente sem grandes proporções, mas tomou conhecimento de uma intrincada trama de espionagem.
Espionagem na Espanha
Interesses de clientes
Sedução e demissões
Fonte: Times e BBC Data: 10/08/2009
O Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha, foi acusado de montar uma operação de espíonagem contra um destacado investidor que possuía interesses divergentes com a instituição. De acordo com o jornal londrino The Times, as autoridades alemãs estão analisando o pedido de abertura de investigação criminal contra o Deutsche Bank, formulado pelo advogado tributarista Michael Bohndorf, que desde 2003 vem bombardeando as reuniões anuais de acionistas com perguntas consideradas embaraçosas.
Em várias ocasiões, diante da ausência de respostas para as suas incômodas perguntas, o investidor buscou os tribunais para tentar obter as informações que lhe foram negadas.
Guerra fria
Conforme noticiou o Times, o enredo da trama denunciada pelo advogado se assemelha às atividades da Stasi, a temida polícia secreta da antiga Alemanha Oriental. Isso porque, a exemplo dos agentes do antigo regime comunista, a espionagem teve como base o recrutamento de agentes femininas sedutoras para colher segredos de "alcova".
Segundo a denúncia apresentada, Bohndorf acredita era o alvo de uma operação realizada na ilha espanhola de Ibiza, que envolveu uma bela mulher brasileira, de 23 anos, sempre vestida em um minúsculo biquini e em trajes insunuantes. Bohndorf, um grisalho senhor de 69 anos, se confessou atraído pelos encantos da jovem, chamada Adriana, que encontrara em um café, supostamente por acaso, até que recebeu depois de um mês um telefonema de Arne Wittig, advogado do Deutsche Bank.
Wittig disse que o banco estava arrependido de ter contratado investigadores privados espioná-lo, e propôs explicar tudo em detalhes em uma reunião na sede do banco, em Frankfurt, em 10 dias. Bohndorf diz que, se prontificou a ir à reunião apenas para saber do que se tratava, acreditando ser um incidente sem grandes proporções, mas tomou conhecimento de uma intrincada trama de espionagem.
Espionagem na Espanha
O investidor em Santa Gertrudis, uma aldeia localizada a apenas 10 minutos da cidade de Ibiza. Ele costuma alugar sua propriedade para turistas durante os frequentes festivais de música realizados em Ibiza.
De acordo com Bohndorf, os advogados do banco admitiram que um detetive particular tinha passado por turista para alugar a vila do investidor na Espanha. O espião, ainda segundo relato dos advogados do banco, teria tirado fotos e anotados detalhes da rotina dolocal e do cotidiano de Bohndorf. Um dos objetivos do detetive era descobrir se Bohndorf tinha alguma "fraqueza" por jogos, álcool ou mulheres.
Bohndorf disse que os advogados do banco se recusaram a lhe entregar o dossiê com os relatos da "vigilância". Mas imediatamente veio em sua mente a imagem da bela Adriana, e a possibilidade de que a jovem tivesse sido enviada pelos espiões do banco para ludibriá-lo.
O investidor e Adriana se conheceram em junho de 2006, logo após ele ter participado de episódios particularmente “difíceis”, após sérias discussões com Clemens Börsig, presidente do Deutsche Bank em uma reunião de acionistas. Logo depois dos incidentes, de acordo com relatórios, Börsig perguntou para Wolfram Schmitt, o chefe do departamento de relações com investidores da instituição, o que ele sabia sobre o investidor, classificado como "agitador", e os motivos que estariam por trás das iniciativas contestatórias de Bohndorf.
Interesses de clientes
Bohndorf diz que está defendendo os interesses de dois clientes cujas identidades não pode revelar, enquanto o banco acredita que representaria os interesses de um "magnata da mídia" que culpa o Deutsche pelo fracasso de sua empresa.
Os acontecimentos ainda estão obscuros, segundo as autoridades alemãs. Alguém contratou Bernd Bühner, o chefe do escritório alemão de Control Risks, uma destacada empresa de segurança britânica.
Bühner, que no passado teve uma longa relação com o banco, dirige uma empresa de segurança privada. Ele alega que os advogados do banco lhe deram uma lista de 20 pessoas que poderiam fornecer informações sobre Bohndorf. Mas ainda não está comprovado se o Deutsche Bank admitiu publicamente que teria utilizado "métodos questionáveis" relacionados à atuação de Bühner.
Sedução e demissões
Em Ibiza, Bohndorf foi contatado por Adriana. Muito atraente, a jovem brasileira teria "seduzido" o investidor. Eles ficaram conversando em um café durante duas horas. O que realmente foi insólito no encontro, além do jogo de sedução, segundo Bohndorf, foram as "perguntas incomuns" que ela teria feito, além do fato de ela aparecer na aldeia trajando apenas um sumário biquíni. Adriana ainda escreveu "Beijos para Michael" nas fotos sensuais que deixou com o investidor.
Bohndorf não era o único objetivo de vigilância para o Deutsche, destacou o Times. No verão passadom, Josef Ackermann, o executivo principal da instituição, determinou uma investigação nas operações bisbilhoteiras do banco. O relatório de 150 páginas identificou exemplos de métodos questionáveis contra pelo menos quatro pessoas, incluindo dois sócios de Bohndorf. Foram demitidos Schmitt e Rafael Schenz, o chefe de de segurança do banco.
O banco informou que seus sócios, incluindo Börsig, e os executivos sêniors não tinham sido envolvidos nas tramas de espionagem. “Nós lamentamos estes incidentes", afirmou uma nota. "Foram adotadas medidas internas para assegurar que tais incidentes, no futuro, sejam evitados", disse Ackermann, enfatizando que já tinha manifestado "Sinceras desculpas" para as quatro pessoas atingidas pelas operações de espionagem.
Mas as desculpas não são suficientes para Bohndorf. Em uma entrevista, ele disse que o banco "estaria usando o que nós chamamos na Alemanha de métodos da Stasi, a temida política política da finada Alemanha comnunista, espionandio em todo o mundo e montando arquivos secretos".
Por isso, Bohndorf ajuizou uma ação contra Ackermann e Börsig, na qual alega que teria ocorrido uma "conspiração criminal". Agora, ela aguarda que os promotores de Frankfurt anunciem esta semana se eles farão a própria investigação criminal em nome do estado.
Fonte: Times e BBC Data: 10/08/2009
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