Pular para o conteúdo principal

Entenda por que não houve um grande ataque de vírus no dia 1º de abril


Praga virtual Conficker preocupou internautas durante a semana.

Fonte: G1.com.br

O assunto “segurança” ganhou um destaque incomum esta semana com as notícias a respeito da ativação do vírus Conficker na quarta-feira (1º). Mas o dia passou e, aparentemente, nada aconteceu. Nenhum grande ataque foi revelado. Por que especialistas levantaram a possibilidade do ataque nesta data? E por que nada aconteceu? A coluna de Altieres Rohr no G1 desta sexta-feira (3) responde essas perguntas.

A coluna de sexta-feira normalmente traz o resumo de notícias da semana. Esta semana, no entanto, o assunto do Conficker foi tão predominante que a coluna será dedicada a explicá-lo: como surgiu, como atua e por que especialistas fizeram a previsão de primeiro de abril.

Antes, a coluna vai explicar como se prevenir do ataque do vírus, diagnosticá-lo e removê-lo.

Como saber se você está infectado e remover o Conficker

Para se prevenir, instale a atualização de segurança do Windows. Basta configurar as atualizações automáticas no Painel de Controle ou visitar o Windows Update agora mesmo. Após instalar a correção, você estará imune contra o ataque mais perigoso da praga.

Para saber se você está infectado, clique neste link. É uma página com seis imagens. Se todas aparecerem corretamente, você não está infectado. A página traz possíveis combinações de erros e seus significados. É possível detectar o vírus dessa forma porque ele bloqueia alguns sites e, caso as imagens não carreguem, é o Conficker que pode estar bloqueando-as.


Foto: Reprodução

Site de testes exibe imagens para identificar se computador está infectado com o vírus Conficker (Foto: Reprodução)

Se você descobrir que está infectado, basta seguir as instruções de remoção já publicadas na coluna anteriormente, clicando no link.

Conficker surge para explorar brecha no Windows

O Conficker foi encontrado em novembro do ano passado. Enquanto a maioria dos vírus necessita que o usuário abra um arquivo anexado a um e-mail, clique em um link malicioso ou, nas piores hipóteses, visite um site que foi atacado por hackers, o Conficker é ainda mais poderoso: ele consegue infectar um computador apenas por ele estar conectado à internet.

Essa façanha é normalmente impossível. O Conficker consegue isso porque faz uso de uma brecha de segurança existente no Windows, que foi corrigida em outubro. No entanto, muitos usuários e empresas não instalam as atualizações de segurança, deixando seus sistemas vulneráveis.

Quando a coluna Segurança para o PC noticiou a divulgação da atualização, a reportagem antecipou “o risco de que um worm fosse criado para tirar proveito da brecha” – o que, de fato, aconteceu, com o aparecimento do Conficker.

O próprio Conficker, ainda no início de sua disseminação, virou assunto da coluna pelo fato notável de que ele “corrigia” o problema no Windows após infectar o sistema, de maneira a evitar que pragas concorrentes pudessem infectar o mesmo computador. Com isso, o Conficker impediu que outros vírus se espalhassem da mesma forma que ele.

No final de dezembro, uma nova versão da praga, batizada de Conficker.B, foi lançada. Além de utilizar a vulnerabilidade no Windows, ela também podia copiar-se para pen drives e para computadores na rede.

Rede zumbi descentralizada para controlar sistemas infectados

O objetivo do Conficker é formar uma rede zumbi, ou seja, dar ao criminoso o controle de todos os computadores infectados. (Veja como funciona uma rede zumbi).

As redes zumbis normalmente possuem um “centro de comando e controle” (C&C). Uma vez que especialistas conseguem derrubar o C&C, o criminoso perde a habilidade de controlar a rede.

O C&C do Conficker não tem endereço fixo. Em vez disso, a praga gera, todos os dias, uma lista de endereços que ela tentará contactar. O criminoso sabe quais são os critérios usados para a geração destes endereços e, se quiser tomar o controle da rede zumbi durante aquele dia, pode colocar online o endereço para fazer o C&C. Isso impede que especialistas e autoridades desativem o mecanismo de controle do Conficker.

Especialistas de segurança também podem prever a lista de endereços que o vírus irá contactar. Foi assim que as estatísticas de infecção foram coletadas.

Os computadores infectados ainda formam uma rede ponto a ponto (P2P). Ela funciona de forma semelhante aos programas de compartilhamento de arquivos. Através dela, o criminoso pode enviar comandos que seriam lentamente propagadas pela rede P2P até chegarem em todos os computadores infectados, sem a necessidade dos endereços gerados diariamente.

Para que apenas o criador do Conficker possa controlar os computadores infectados, a praga possui um sistema que verifica se o comando enviado por meio do C&C ou pela rede P2P partiu mesmo do seu autor.


O que mudou no dia primeiro de abril

Além das variações A (a primeira) e B (a segunda), existe ainda uma terceira, o Conficker.C. Sendo a versão mais recente do vírus, não é a mais comum.

No dia primeiro de abril, o Conficker.C mudou de forma significativa a maneira de gerar os endereços de controle. Isso levou pesquisadores a acharem que os criminosos estavam preparando algo para esse dia.

Não havia motivos para o criminoso esperar até o dia primeiro. Os endereços já estavam sendo gerados antes – o autor poderia tê-los usado sem problema. E, se ele não quisesse usar os endereços gerados, poderia controlar a rede pelo mecanismo P2P.

No dia primeiro de abril, o número de endereços gerados aumentou consideravelmente. Antes, eram 250. Agora, são 50.000, dos quais o vírus selecionará apenas 500. Isso continua acontecendo hoje, e continuará em todos os computadores infectados pelo Conficker.C.

O Conficker sempre esteve sob o controle do seu autor – e continua assim. A ameaça existia em todos os dias antes dessa quarta-feira, e permanece a mesma. Não é porque nada aconteceu no dia primeiro de abril que nada irá acontecer amanhã. O que vai acontecer é incerto, mas não deve ser algo que afetará a infraestrutura da internet como um todo.

É também improvável que o Conficker danifique os computadores infectados de qualquer forma. É um vírus profissional, com objetivo financeiro. Inutilizar os sistemas infectados apenas inutiliza o próprio vírus, o que seu criador certamente não deseja.

Faça sua parte descobrindo se o seu computador está infectado com as dicas publicadas na coluna de hoje e desinfecte seu sistema, se ele estiver com o vírus. Não há motivos para entrar em pânico: o funcionamento básico do Conficker não é inovador ou revolucionário.

Bom, é isso. O próximo post é referente a como se pode remover o Conficker.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Facebook: endereço de envio de intimações e/ou ordens judiciais

Achei interessante atualizar (fev/2018) esse post de outubro de 2011, visando deixar a informação mais correta e atualizada em relação aos procedimentos no Facebook: Várias pessoas me perguntam(vam) sobre o endereço do Facebook, que anunciou, em 2011, abrir um escritório no Brasil. Todo o procedimento de tratamento está explicado no nosso livro, escrito com o Dr. Higor Jorge: Crimes Cibernéticos - Ameaças e Procedimentos de Investigação. Veja como adquirir o livro: Como adquirir os livros? O resultado da pesquisa do registro do domínio nos remete a um escritório de registro de propriedade intelectual, porém, o escritório para envio de ordens judiciais e/ou intimações, além de requerimentos, é o seguinte: FACEBOOK SERVICOS ONLINE DO BRASIL LTDA Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 700, 5º Andar, Bairro Itaim Bibi, São Paulo-SP, CEP 04542-000 - Fonte:  Jucesp Online Não sabíamos como seria o tratamento das informações e respostas às solicitações das chamadas

Como ter acessso aos livros de Emerson Wendt?

Resolvi fazer esta postagem em virtude dos questionamentos em como adquirir os livros que escrevi/organizei/participei com colegas e amigos do RS e outros Estados, além de autores fora do Brasil. Assim, lá vai, inclusive os que estão para download: Livro, em recurso eletrônico (eBook), publicado em 2011 em parceria com a Editora Delpos. Avalia os aspectos sobre a (in)segurança virtual no Brasil, desde o contexto da guerra cibernética, o cibercrime e os incidentes na Internet e como eles são/deveriam ser avaliados sob a ótica da atividade de inteligência. Link para download: Academia.edu . 2ª Edição do livro Crimes Cibernéticos - Ameaças e Procedimentos de Investigação (escrito em parceria com o Dr. Higor Jorge) : - Esgotado!! - eBook: a editora Brasport disponibilizou a aquisição do livro em formato eBook, o que pode ser feito neste link  (1ª Edição) ou neste link (2ª Edição). O preço é mais atraente, pois fica pela metade do valor do livro impresso. 1ª Edição do liv

Lista dos Estados que possuem Delegacias de Polícia de combate aos Crimes Cibernéticos

Esta ideia começou com o post sobre os órgãos especializados no enfrentamento aos crimes virtuais , que estava desatualizado. Estou fazendo essa atualização com vistas a uma melhor orientação às pessoas. Muitos já copiaram e replicaram este post, sem atualizar os dados e sem referenciar a fonte, mas o que importa é a difusão da informação. O primeiro aspecto de um registro de ocorrência de um crime virtual é saber o que levar ao conhecimento da Polícia Judiciária. Por isso, sugiro a leitura do post sobre como proceder em casos de crimes virtuais, deste blog. Crimes virtuais: com proceder? Então, vamos à lista dos Estados brasileiros onde você pode encontrar atendimento especializado, não esquecendo que se você não se encontra na cidade ou Estado em que há um órgão policial específico você pode e deve registrar a ocorrência na Delegacia de Polícia mais próxima . O que não pode é deixar o fato sem o conhecimento de uma Autoridade Policial. -  Rio Grande do Sul :