No Brasil, pedofilia, extorsão mediante sequestro e estelionato são os crimes mais comuns cometidos a partir do uso da internet. Nesta semana, um homem de 31 anos foi preso em Ilhabela, no Litoral Norte de São Paulo, acusado de pedofilia, atentado violento ao pudor e corrupção de menores. O crime só foi descoberto após a família de um garoto de 10 anos de São Bernardo suspeitar que ele estava sendo molestado por meio de sites de relacionamento ( texto ao lado).
A grande dificuldade na investigação desses crimes é a inexistência de legislação específica para a internet, o que dificulta o trabalho da polícia. Um dos maiores problemas, segundo o delegado do GAS (Grupo Anti-Sequestro) de São Bernardo, Fabiano Fonseca Barbeiro, é a necessidade de autorização judicial para identificar o IP (uma espécie de endereço do computador) de um suspeito.
Outro empecilho é o caráter internacional dos crimes cometidos pela internet. "Muitas vezes, um site de conteúdo racista ou pornográfico hospedado em um servidor brasileiro é feito por uma pessoa na Europa, e vice-versa", explica Barbeiro.
O delegado responsável pelo CIP (Centro de Investigação Policial) da Delegacia Seccional de São Bernardo, Mitiaki Yamamoto, afirma que esses crimes são recorrentes e que o grande problema é a falta de informação dos pais. "Muitas vezes a família não tem conhecimento do que acontece atrás da tela do computador. Por isso, é importante que os adultos acompanhem as crianças para que elas não caiam em ciladas", diz.
Para Yamamoto, o mesmo cuidado que se tem com o traficante deve-se ter com o pedófilo. "Muitas famílias não enxergam que esses dois tipos de criminosos fazem mal para seus filhos, pois eles orientam, ensinam e oferecem dinheiro. É preciso estar atento a qualquer mudança de atitude da criança", explica.
CUIDADOS - Especialistas em situações pós-traumáticas dizem que crianças e adolescentes demonstram quando algo de errado aconteceu. "O comportamento muda. Eles ficam mais assustados, ansiosos e angustiados. É preciso estar atento a essas mudanças", afirma Aderbal Vieira Júnior, psiquiatra da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Entre as dicas que o profissional dá está o clima de aconchego e conforto que deve ser transmitido às crianças. "Os pais precisam ganhar a confiança de seus filhos. É fundamental deixar claro que eles não são culpados pelo que aconteceu", diz Vieira Júnior.
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