A suspeita de que cerca de 40 crianças tenham sido vítimas de pedofilia em Catanduva (385 km de SP) levou uma juíza da cidade a instaurar procedimento para ouvir as famílias e chegar aos suspeitos. Inquérito concluído pela Polícia Civil na última semana resultou em ação penal na 1ª Vara Criminal de Catanduva. Um homem de 46 anos foi preso.
Entretanto, de acordo com a juíza da Infância e Juventude de Catanduva, Sueli Juarez Alonso, há suspeitas de que mais pessoas estejam envolvidas nos crimes, e que o número de vítimas, entre cinco e dez anos, seja bem superior ao que apurou a polícia. O inquérito apontou haver dez vítimas. Segundo ela, há ao menos 40.
Em 2004, a mesma juíza condenou, em primeira instância, vereadores, empresários e um servidor envolvidos com aliciamento e prostituição de adolescentes em Porto Ferreira (SP). Desde a última semana, Alonso começou a ouvir familiares das supostas vítimas. Os depoimentos estão sendo encaminhados à 1ª Vara Criminal, que já determinou a abertura de um novo inquérito.
De acordo com os relatos, as crianças eram aliciadas ou raptadas nos arredores de escolas em bairros pobres da cidade. Ela suspeita que até cinco pessoas, ligadas entre si mas que não necessariamente atuam ao mesmo tempo, estejam envolvidas nos crimes.
Os relatos, segundo Alonso, indicam que uma camionete S10, preta e de cabine dupla, era usada no esquema. Ao menos uma das crianças relatou ter sido levada pelo veículo para uma casa de classe média alta --o que, segundo a juíza da Infância, não consta do inquérito.
O caso passou a ser investigado após o diretor de uma escola estranhar o comportamento e rendimento apresentados por alguns alunos em sala de aula --um menino entrou em estado de choque na última semana. A Polícia Civil investiga o caso desde o ano passado.
"Recebi informações de várias mães que o inquérito não apurou o que estava acontecendo. As mães estavam ameaçadas, e não tiveram coragem de levar o caso à polícia. A situação é muito séria", disse a juíza, que designou uma equipe do fórum para acompanhar as crianças. Elas devem ser encaminhadas para tratamento psicológico.
Ainda de acordo com a juíza, fotos foram tiradas das crianças, mas ainda não é possível dizer se as imagens eram colocadas na internet.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública confirmou a abertura, nesta terça-feira, de um novo inquérito e afirmou que, se houve participação de outras pessoas, isso será investigado.
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