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Crimes se multiplicam em sites de relacionamento

Crimes se multiplicam em sites de relacionamento
31/10/2008 - 9h23m *Da Editoria de Especial redacao@portalibahia.com.br

Mais de 90% das denúncias de crimes cibernéticos recebidas pela SaferNet Brasil é proveniente de sites de relacionamento como o Orkut

Parece improvável, mas muito do que se escreve nas páginas dos sites de relacionamento, como o Orkut, pode ser usado para arquitetar crimes. No “about-me” (“sobre mim”, na tradução para o português), muitas informações pessoais são divulgadas sem o devido critério. “A sociedade vive um momento de exibicionismo exacerbado. As pessoas divulgam a vida cotidiana com muita facilidade na internet, em especial nas redes de relacionamento. É importante que estas pessoas busquem ter um maior cuidado com os seus dados pessoais, onde residem, o número de documentos, os números telefônicos”, explica Vieira.
Em junho deste ano, a estudante Paula Souza levou um susto ao acessar seu perfil no Orkut. Imagens obcenas apareceram no lugar das fotografias do seu álbum, mensagens com palavrões e xingamentos foram enviadas aos amigos da rede de relacionamento. “Fiquei surpresa com toda aquela bagunça!”, conta.
A princípio, Paula tentou refazer o perfil no Orkut, mas não adiantou. Em uma hora, novos vídeos obscenos, inclusive montagens feitas com a imagem do rosto da garota, voltaram a aparecer na página. “Quem faz este tipo de coisa é uma pessoa sem maturidade. Ela usa do Orkut, que deveria ser algo que servisse para interagir e aproximar, para fazer maldades e criar inimizades”, opina.
No caso da estudante, a farsa do mundo virtual gerou problemas no mundo real. Apesar de muitas pessoas terem sido compreensivas e preocupadas com o que vinha acontecendo com a estudante, três amigas evitam falar com ela até hoje por conta do incidente.
“Mensagens pessoais e comprometedoras foram enviadas para uma amiga, que não aceitou a minha versão. Para ela, fui eu quem estava ali, mandando aquelas mensagens, destratando-a daquela forma”, relembra. O conteúdo tão pessoal das mensagens fez a desconfiança de Paula recair sobre alguém próximo. “Acredito que pode ter sido algum amigo do meu próprio Orkut que conseguiu a minha senha”, diz.
Foram três dias de nervosismo até o Orkut excluir o perfil. Três meses depois, Paula recriou uma nova identidade. Saiu dos quase 300 amigos que tinha, para apenas 50. E ela, que nunca acessava ao Orkut de lan-houses, apenas de casa ou do trabalho, passou a redobrar os cuidados com a internet.
“Antes eu tinha muitos amigos que não conhecia. Eram pessoas que me viam em comunidades, identificavam-se com meu perfil e pediam para adicionar. O que aconteceu serviu de lição. Agora só adiciono pessoas que realmente conheço, que moram próximo, pessoas da família e amigos da faculdade. Aprendi que adicionar qualquer pessoa pode ser muito perigoso. É por isso que eu não sei até quando irei manter este novo perfil”, revela.
De acordo com dados da SaferNet Brasil, associação civil de direito privado que lida diretamente com delitos praticados no ciberespaço, o Orkut é, atualmente, um dos principais locais da rede em que se praticam crimes. Neste primeiro semestre, das 9.068 denúncias de apologia e incitação a crimes contra a vida, recebidas pela Safernet, 8.763 são advindas do Orkut. Só nos meses de janeiro a junho de 2008, a Safernet recebeu mais de 44 mil denúncias, número 52,2% maior que o das acusações feitas no mesmo período do ano passado.
Segundo o advogado Thiago Vieira, a internet é uma moderna e eficiente ferramenta de relacionamento com amigos, mas também é um terreno onde não existe o direito ao esquecimento. “Uma fotografia publicada na internet, dificilmente vai ser eliminada depois”, ressalta.

Serviço: Para denunciar crimes testemunhados na internet, o internauta pode acessar ao site da SaferNet Brasil.

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